Já passou da hora de você saber a diferença entre um tecido, uma malha e uma fibra, não é mesmo? Por mais que você não precise ser um expert em tecidos, é importante um conhecimento básico em tecnologia têxtil para saber escolher melhor suas peças ou, ainda, avaliar o produto e julgar o preço com propriedade, já que existem grandes diferenças entre os tecidos.

Backstage do J. W. Anderson, S/S 2015, Londres
Antes de tudo, vamos entender o que são fibras têxteis: elas podem ser definidas como moléculas lineares que apresentam alta proporção entre seu comprimento e diâmetro e cujas características de flexibilidade, suavidade e conforto ao uso, tornem tal elemento apto às aplicações têxteis, segundo a CONMETRO. Mas como assim? Pense num chumaço de algodão: quando observado de perto, percebe-se um emaranhado de micro fios. Esses fios são exemplos de fibras, assim como o pelo de um animal (e até mesmo seu cabelo, porque não?).

Issey Miyake por Irving Penn, na exposição Visual Dialogue, em Tóquio. Issey Miyake é um renomado estilista japonês e famoso por usar tecidos altamente tecnológicos.
Existem duas grandes classes de fibras têxteis: naturais e químicas. Há ainda subdivisões dentro desses grupos:
– Fibras naturais: as fibras naturais são encontradas já prontas na natureza e necessitam apenas alguns processos mecânicos para serem transformadas em fios, subdivididas em: animais (seda, lã, angorá, etc.), vegetais (algodão, linho, sisal, etc.) e minerais (asbesto).
– Fibras químicas: são fibras obtidas em laboratórios através de sínteses, englobando as classes sintéticas e artificiais. As artificiais são as que estão presentes na natureza, mas de uma forma não utilizável e que precisam, portanto, de intervenções químicas para serem usadas, como a viscose, o modal ou o liocel, por exemplo. As fibras sintéticas são totalmente criadas pelos homens e não apresentam suas formas na natureza, como é o caso do poliéster, poliuretano e fibras acrílicas.

Exemplos de aplicações têxteis para diferentes tecidos e efeitos
As fibras, depois de colhidas ou produzidas, passam por uma segunda fase antes de virarem tecidos. O processo denominado fiação é o responsável por transformá-las em fios. Esas fibras passam por uma série de maquinários que as limpam, paralelizam e torcem, para no final virarem fios. Todo mundo já viu um fio, seja num carretel ou mesmo aquele que insiste em sair da sua roupa: se você o observar de perto vai conseguir ver que há várias fibras na sua composição.
Depois que o fio está pronto, chega a hora de transformá-lo num tecido. Aqui já se encontraram outras divisões que merecem atenção: há dois tipos de tecelagem, um para produção de tecidos planos e outro para o de malhas.
– Tecido plano: é composto por fios têxteis de trama e urdume, paralelizados e construídos de formas diversas. A maneira como os fios de trama e os de urdume são organizados é que vai definir qual o tecido final. Para ilustrar melhor, pense num fio de poliéster: este mesmo fio pode ser usado para construir vários tipos de tecidos, seja um cetim ou uma organza, variando apenas em virtude de sua organização durante a tecelagem.

(1) Fio de urdume e (2) fio de trama
– Tecido de malha: os tecidos em malha são construídos através do entrelaçamento dos fios têxteis, sempre no mesmo sentido: ou todos na trama, ou todos no urdume. O processo de malharia, diferente da tecelagem, ocorre por meio de uma série de agulhas e o modelo mais comum é o tricot. A maioria das camisetas, dos pijamas e das roupas íntimas são confeccionadas em malhas, e sua característica é principalmente a elasticidade e o conforto.

Ligação simples de malha
Agora que você entendeu (ufa!) o que é uma fibra, um fio, um tecido e uma malha, está na hora de falarmos um pouco sobre como isso tudo chega nas araras das lojas e como podemos aplicar esse conhecimento em nosso dia-a-dia.
Sabe aquela etiqueta branca que fica no interior da peça, geralmente do seu lado esquerdo? É importante olharmos ela sempre que formos comprar uma peça. Nela, por lei, é preciso estar compreendido uma série de informações importantes, como a composição do tecido e a forma como ele deve ser lavado e secado, por exemplo. Fibras diferentes resultam em cuidados diferentes, algumas inclusive não podem ser lavadas à máquina e necessitam lavagem à seco. Algumas peças são mais resistentes que outras, outras podem até soltar tinta, então lembre-se de separar as cores escuras das claras na hora da lavagem.
Tecidos com fibras mais nobres, como lãs naturais, sedas e peles tendem a serem mais caros, enquanto os de fibras sintéticas, como poliéster e poliamida, mais baratos. Além de tudo isto, é comum encontramos roupas com tecidos em porcentagens mistas: 55% algodão e 45% viscose, ou 97% algodão e 3% elastano, por exemplo. Isso ocorre porque algumas fibras têm benefícios que outras não tem; esse mix de fibras ocorre para que o melhor de ambas seja convergido numa mesma peça.
Mas e o elastano? É a mesma coisa que o popular strech? Ambos são a mesma coisa e trata-se de um filamento sintético que confere às peças elasticidade e maior conforto. Ele tem um percentual de alongamento de 500%, por isso é usado em proporções pequenas na mistura com outras fibras.
Agora que você já entendeu um pouco como funciona a cadeia têxtil, da colheita de uma fibra até a produção de uma peça de vestuário, não tem mais erro na hora de comprar suas roupas. Fique atento às composições e boas compras!