Entre os dias 18 e 22 deste mês aconteceu na Inglaterra a semana de moda de Londres, que faz parte do calendário internacional de desfiles primavera/verão 2016. Tipicamente mais experimental, o evento costuma trazer uma moda mais conceitual e, quase sempre, polêmica. A cidade, imersa pela vanguarda criativa, sedia a principal universidade de moda do mundo, a Central Saint Martins que, fundada em 1989, resultou da fusão de duas escolas: a Central School of Arts and Crafts e a St. Martin’s School of Art. A faculdade é formada por três escolas acadêmicas de arte, de design gráfico e industrial, e de design da moda e de tecidos, além de um centro para aulas de teatro, o Byam Shaw and Drama.
É de se imaginar, portanto, que a produção de moda da capital seja atingida por esse eco acadêmico-artístico-visual e pela constante influência da releitura dos cenários urbanos culturalmente relevantes, sejam os Teddy Boys dos anos 50, os Mods dos 60s ou os Punks da década de 70.

Da esquerda: Teddy Boys (50s), Mods (60s) e Punks (70s)
Vou contar para vocês as novidades trazidas pelo evento e como é possível traduzir as tendências desfiladas para nossos guarda-roupas:
Assim como Nova York (confere a matéria aqui, caso você não lembre), Londres também afirmou a ideia de caras usando roupas metalizadas. A dica é misturar elementos desse tipo com outros mais esportivos ou mais sóbrios, como uma peça de alfaiataria; dessa forma o que poderia soar estranho (e tipicamente mais feminino) vai para o guarda-roupa do homem com mais referências do nosso universo. Deixa de lado o achismo e dá uma olhada nas combinações para você ver como o resultado é legal!

Hunter Original
Quase na mesma linha dos tecidos metalizados, é a vez dos caras usarem roupas com brilho molhado, também conhecido como glossy. Seja um tecido envernizado ou forrado com algum tipo de polímero, a ideia pode estar pouco distante do que estamos habituados a usar, mas mesmo assim interessante.

Da esquerda: Hunter Original e os dois últimos Versus Versace
Também já afirmada em semana prévia, a transparência é uma tendência que não deve ser ignorada. Se em Nova York ela veio mais sóbria e em peças sobrepostas, desta vez aparece mais clara e sem camadas. Seja uma espécie de laise (um tecido vazado, que lembra renda) na Burberry Prorsum ou um macramê artesanal na Julien Macdonald, ela veio para ficar (será mesmo?).

Da esquerda: Burberry Prorsum, Julien Macdonald e Ashish
Respingos de tinta, manchas e tie-dye: como se você tivesse acabado de sair de uma aula de arte, as peças, com pinceladas aleatórias, criaram belas padronagens para o guarda-roupa masculino. Às vezes ultra coloridas, às vezes nem tanto, essas peças vieram em diversos tecidos e modelagens, mas todas afirmando esse descuido como a estampa da vez.

Da esquerda: MM6 Maison Margiela, Hunter Original e Osman
Dois destaques para os pés, com loafers (sapatos baixos, que lembram mocassins) e botas (chelsea e worker). Sabemos que o verão europeu não é que nem o nosso, então é plausível eles apresentarem botas numa coleção de primavera/verão. Já para nós, brasileiros, a coisa complica um pouco… Mesmo assim, é possível usá-las num dia de chuva, por exemplo, ou com bermudas para balancear o calor. Os loafers são ótimas opções para quem não deixa a elegância de lado nem nos dias mais quentes, seja em camurça ou couro.

Da esquerda: Versus Versace (bota worker), Ashish (bota chelsea) e Burberry Prorsum (loafer)
Em suma, Londres mostrou um homem mais despreocupado com as barreiras entre o tipicamente masculino e feminino. Tendência máxima (que já discuti em outro post por aqui), a linha que delimita os gêneros pelo menos no que tange a moda está cada dia mais tênue. Mesmo assim, para os mais tradicionais, ainda há vasta opção de peças, visto que este embate sociocultural ainda é reservado a poucos (e corajosos). Quarta-feira que vem conto tudo sobre as novidades de Milão, que está acontecendo agora!