Coleciono DVDs desde 2000 e cheguei a ter 5 mil filmes em casa, além de uns 500 livros. A parte mais gostosa de colecionar é o apego que você tem com aquelas coisas. Fazia bastante sentido quando comecei a colecionar, e depois, ao longo dos anos, quando a tecnologia que tínhamos não era a de hoje, não existia Netflix e eu ficava em um canal no IRC baixando seriados em .mpg à 14kb/s por 8, 10 horas.
Depois de um tempo comecei a baixar muita coisa com uma velocidade maior, e começar a guardar no computador o que eu mais gostava. Isso quando a palavra computador ainda era usada, e não era uma palavra que remetia a algo jurássico. Daí vieram os torrents e mudaram tudo, e parecia que era algo que ficaria pra sempre na Internet. Os torrents ainda bombam demais, mas é preciso entender a evolução da Internet e das tecnologias pra perceber que eles já estão virando algo jurássico também.
Recentemente, depois do anuncio do Google Photos semana passada, resolvi fazer uma limpa na minha estante e nos meus HDs externos. Tenho 4 HDs de 1TB, fora um MacMini de 500GB e um Macbook Pro com 250GB. Todos têm apenas fotos, seriados e filmes dentro – alguns (ou a maioria) provavelmente nunca vou assistir na vida.
É difícil pra caramba abrir um HD, olhar aquelas centenas de pastas baixadas, horas e horas de download e persistência, e abrir mão daquilo, simplesmente jogar no lixo do computador. Mas em 2015, para se ter uma vida “real” organizada, é preciso ter uma vida digital “limpa”. Isso significa entender que 90% das coisas que você guarda, você pode encontrar online. E pior: muita coisa você nem precisa baixar mais – pode assistir em streaming em serviços como Netflix, YouTube, etc.
A única maneira de continuarmos acompanhando a evolução tecnológica no mundo é abrindo mão das nossas convicções, entendendo que o apego a qualquer coisa só nos torna mais desinteressantes e desatualizados.
Baixe o KeyNote e pare de esquecer dos seus compromissos. Delete seus filmes e seriados e entenda que você pode encontrá-los a qualquer momento na Internet, à um play de distância. Arrume seu iPhone, divida suas fotos, crie pastas, jogue na nuvem. A vida digital organizada é o primeiro passo para se ter uma vida mais plena, e até mais offline (ou menos online), podendo dar prioridade as relações pessoais e físicas que tanto prezamos mas que tanto deixamos de lado pra curtir uma foto no Instagram quando a pessoa esta bem ali, na sua frente. Você não precisa de meia dúzia de HDs externos, que a cada dia que passa se tornam mais obsoletos. Você precisa de mais tempo. E em 2015 o tempo livre vem com a otimização da sua vida online.
