O fim do “pretinho básico”?

Quem aqui já não saiu com dor de cabeça do treino por conta do festival de cores que a academia pode ser? São tantas num só tênis que às vezes a gente perde o foco da série… O seu celular (e sua capa), o feed do seu Instagram e do Facebook: tudo foi invadido por cores vivas, do rosa choque ao amarelo gritante dos Minions. Não poderíamos ignorar, além disso, a diversidade de cores nas araras das lojas – inclusive na sessão masculina!

Duas vezes por ano acontece em Firenze, na Itália, a mais importante plataforma de vendas e divulgação de novidades sobre moda masculina mundial, a Pitti Uomo. A mais recente, no entanto, me chamou mais atenção pelo fato dos caras estarem mais coloridos. Além disso, analisando os desfiles das principais semanas de moda masculinas dos últimos seis meses, a coisa toda se confirmou. Paris, Milão, Londres e Nova York (essa última um pouco menos) colocaram ainda mais em pauta a pergunta que me fiz: “será o fim do pretinho básico?”.

A moda masculina, tipicamente mais sóbria, por muitos anos não foi nem um pouco receptiva com cores e formas diferentes – só de uns 20 anos para cá as coisas começaram a mudar. Além da maior variedade de opções de formas, modelagens e modelos de roupas, a indústria de moda finalmente percebeu que o homem está pronto para sair do básico e explorar um pouco mais o universo das cores.

Para você se inspirar, os quatro grandes temas das últimas temporadas masculinas (de primavera/verão 2016) resumidos e fáceis de entender:

– Explorador urbano: com paleta de cores terrosas e ásperas, esse tipo de homem usa variações de verde, cinza e tons pastel. A camuflagem, direto dos campos de batalha, fazem parte dessa referência, além da mistura (no mesmo visual) de tecidos leves e pesados. Tecidos desgastados, amassados e desbotados (como se tivessem sido muito usados) são as apostas. O legal de tudo isso é que é fácil de usar e as peças são fáceis de achar.

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Da esquerda para a direita: Jil Sander, Sacai e Vivienne Westwood.

Tradição oriental: os fãs de Bruce Lee vão curtir essa tendência. Os uniformes das artes marciais foram a fonte de inspiração da maioria dos acessórios: cintos flexíveis, calças mais largas e calçados mais próximos do chão, além de bolsas e mochilas com motivos florais – como se tivessem sido feitos com restos de quimono. Nas cores, o vermelho, o amarelo e o azul fortes em várias coleções, simbolizam felicidade, sorte e fortuna respectivamente, aproximando ainda mais as coleções das tradições orientais. O grande destaque vai para a seda e para os tecidos acetinados, adornados em bordados chineses e jacquards (tecidos com estampas feitas dos próprios fios) com padrões orientais. Vulcões, dragões e folhagens da flora oriental, junto com textura de bambus e técnicas de tingimento da região, mostraram-se pontos fortes.

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Da esquerda para a direita: Louis Vuitton, Dries Van Noten e Dolce & Gabbana.

Mix dos anos 90: quem foi adolescente nos anos 90 não vai ter dificuldade em entender esse tema. Tons de verde energéticos e ácidos, laranja inflamável e algumas variações de cinza criaram um grafismo extremamente colorido e cheio de referências da cultura jovem dos anos 90. Os estilistas fizeram uma mistura entre a pegada esportiva da época, mesclando com referências de skatistas e surfistas do sul da Califórnia. Expressiva e jovem, as estampas ficaram com uma cara de inacabadas, como se tivessem sido coladas em cima dos tecidos, além de algumas em tie-dye. Um pouco rebelde, os tecidos vieram desgastados e rasgados, às vezes manchados e costurados aleatoriamente.

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Da esquerda para a direita: Coach, Topman Design e Prada.

Modernismo dos anos 50: um pouco nostálgicas, as cores desse homem são claras, em variações de tons pastel, passando pelo bege, pelo bordô (um pouco queimado), até o azul e verde. Esse cara, com um ar de indiferença, mostrou roupas relaxadas, com colarinhos abertos, bermudas mais amplas e calças levemente mais altas (será o fim das cinturas baixas? Ufa!). Meio abstratas e geométricas, as estampas vieram mais limpas e claramente gráficas. Destaque para os acessórios claros: calçados, cintos e bolsas, geralmente em couro, com formas mais próximas ao corpo.

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Da esquerda para a direita: Umit Benan, Valentino e Lanvin